Páginas rasgadas...

Gula


De acordo com o dicionário Aurélio, gula é s.f. Vício ou defeito de comer e beber em demasia; glutonaria. / Fig. Desejo ardente, sofreguidão.


No conhecimento empírico dos pecados capitais a gula ganhou o estereótipo do ato de alguém se alimentar excessivamente: comer muito e tudo o que for possível. Entretanto, se analisarmos a razão filosófica da gula e do seu real valor da para perceber claramente o seu significado verdadeiro: o fato de querermos sempre mais, muito mais do que precisamos, literalmente.

Traduzindo a frase anterior, a gula nada mais é do que uma ambição desenfreada: o desejo intenso de querermos alcançar nossos objetivos e nos tornarmos pessoas de sucesso. É claro que ser ambicioso não significa necessariamente que você queira mais do que o necessário; a ambição é importante para conquistarmos nossos sonhos e desejos, mas determinados indivíduos possuem este sentimento de forma deturpada, visam apenas crescer na vida independente dos meios que o faça, seja pisando nos colegas de trabalho, seja por meio de trapaças.

A gula é isso: você querer mais que pode, querer abraçar o mundo com seus pequeninos braços. É este desejo de insatisfação pessoal com o que possui na vida até o momento. Parece que nada basta, nada é o suficiente para a felicidade.

Cuidado: normalmente tais atitudes são acompanhadas pelo fracasso e decepção, além da frustração de não conquistar o que nunca pode ter. 

Ahh, o carnaval!


Que sentimento ruim é esse que enche nosso peito nesta quarta-feira de cinzas? Um mix de depressão com nostalgia de um momento onde tudo era permitido! Um mix de tristeza por ter acabado uma das melhores festas do ano com felicidade por tê-la usufruído da melhor forma possível. Este é o carnaval na quarta-feira ingrata: cansaço, saudades e muita história para contar.

Uma sensação inigualável percorreu sobre minha pele, excitando-me assim que avistei aquela ladeira de Olinda pegando fogo: andar era quase impossível. O coração batendo com o ritmo do frevo ao som dos tambores; o sangue fluindo rapidamente com alto nível de adrenalina percorrendo em minhas veias. Você é você, isso basta! Não precisamos criar um personagem nem tampouco usar uma máscara, no carnaval é permitido sermos o personagem mais intenso que existe: nós mesmos. Autenticidade.

A quarta-feira chegou, findando aquele feriadão carnavalesco. Muitos criticam a festa popular, mas estes ainda não sentiram na pele e no coração a alegria contagiante de fazer parte da festa mais democrática do mundo. O carnaval de Pernambuco é assim: não precisamos de abadas nem de fantasias luxuosas e caras. Seja você mesmo e caia na folia, curta o momento.

Pontos positivos do carnaval pernambucano? INÚMEROS. Listando alguns, você aumenta sua auto-estima, sente-se desejado. Esquecemos por algumas horas os problemas que nos angustiam, das dívidas e das obrigações. Podemos brincar como crianças, tudo é permitido (com moderação, é claro). Pontos negativos? Tênis que é melhor jogar fora do que tentar lavar pode ser considerado? Claro que não!!

Eis minha visão desta festa cultural que me conquistou. Ainda assim se duvidas de mim, respeito sua opinião. Apenas lhe dou um conselho e faço-lhe um convite: venha ano que vem passar o carnaval comigo aqui em Pernambuco, com certeza mudará de opinião.